Que falta faz o Jornal do Brasil
O Jornal do Brazil foi lançado em 1891 para combater a corrupção no início da república por personalidades do quilate de Olavo Bilac, Rui Barbosa, Rodolfo Dantas, Joaquim Nabuco, Barão do Rio Branco e tantos outros intelectuais inaugurando um outro patamar na imprensa brasileira. Um jornal de altíssimo nível que inovou na estrutura empresarial, parque gráfico, pela distribuição em carroças e a participação de correspondentes estrangeiros como Eça de Queirós em Paris e Joaquim Nabuco em Londres. Inovou em 1893 ao lançar a primeira coluna dirigida às mulheres e no ano seguinte a coluna “Kinetoscópio” dedicada ao cinema.
Invadido no primeiro ano, empastelado dois anos depois o JB seguiu sendo um jornal independente na mais forte tradição republicana, onde somente a imprensa livre assegura uma democracia participativa. “Apesar de não ter contribuído para a implantação da república, considera um dever de patriotismo contribuir para a sua consolidação”, pode ser considerada a sua carta de intenções e consta do primeiro exemplar.
Tanta independência atraiu a ira dos que se locupletam com o poder nos últimos anos rotulando-o de elitista, mal gerenciado, jornal de cozinheiras, monarquista, brizolista entre outros.
Nos anos 50 implantou uma reforma gráfica que revolucionou o jornal impresso no Brasil e o colocou como um dos mais avançados do mundo. Reynaldo Jardim a frente, com Amílcar de Castro como diagramador, Ferreira Gullar como chefe dos copy-desks o JB assume a vanguarda e, se antes o JB parecia com os outros jornais, depois da revolução todos os jornais procuram se parecer com o JB. O Caderno B que acabou criando a Geração Paissandu de cinéfilos, o caderno Automóveis e Turismo que gerou uma geração de aficionados por carros são apenas alguns exemplos.
Com o forte processo de mercantilização da sociedade brasileira os jornais são cooptados para projetos de interesse menor, de um lado visando à concentração da economia em São Paulo, de outro a desnacionalização da nossa economia. Esses dois projetos necessitam reduzir o intelectual a um reles consumidor que, constrangido da sua massa crítica, se sente incapaz de acompanhar os novos mascates. Negando assim, qualquer projeto maior de sociedade.
E foi assim, através da venda casada de jornal com livros de receita, vídeos, carrinhos e outras quinquilharias aliada a forte publicidade na televisão que o leitor brasileiro de jornal se apequinou. E o JB sai de cena sem fazer o furor que fez nos últimos 130 anos. Recolhe-se para outro palco, agora a internet, aquele que sempre foi o palco que todo jornalista gostaria de atuar. Agora é apostar nesse modelo mais ecológico e que a sociedade volte a debater o seu futuro.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
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